A Zanga nos
adultos
Uma
das tarefas que costuma ser mais desafiadora para a maioria dos pais é a de
lidar com a zanga dos seus filhos. Não é fácil aprendermos a lidar com esta
emoção - que é tão saudável e imprescindível como qualquer outra – nos nossos
filhos porque, a maioria das vezes, também não sabemos como lidar com ela em
nós mesmos.
A
zanga é uma emoção que desperta muitas reacções fisiológicas. Quando nos
zangamos despoletamos a chamada resposta de Luta ou Fuga, uma reacção
fisiológica que prepara o organismo para lidar com uma potencial ameaça que
pode ser real ou simplesmente imaginada. (Ler artigo para saber mais sobre esta resposta) Porque o nosso organismo não distingue entre as ameaças reais à
nossa integridade física, e aquelas que são apenas imaginadas despoleta-se a
mesma reacção em ambos os casos.
A
zanga pode despertar sensações muito fortes em nós e, porque nem sempre
gostamos dessas sensações, acabamos por não querer lidar com esta emoção. Existem
estudos que mostram que tanto a repressão da zanga como a sua expressão
descontrolada podem ser igualmente prejudiciais à saúde e quando recorremos com
frequência a estes mecanismo podemos acabar por ter uma maior tendência para
desenvolver algumas doenças crónicas.
Durante algum
tempo foram populares algumas correntes terapêuticas que defendiam que a forma
mais saudável de expressar a zanga era deixá-la sair livremente. Nestas sessões
os clientes eram mesmo incentivados a dar pontapés e murros em almofadas como
forma de ventilarem a sua zanga porque se acreditava que esta emoção funcionava
como uma espécie de panela de pressão que, quando não se destapava, criava uma
pressão cada vez maior até explodir e, o facto dessa pressão se ir acumulando,
prejudicava gravemente a saúde. Hoje em dia, há estudos que mostram que
realmente reprimir a zanga pode ter consequências graves na saúde de quem o faz
mas também se sabe que o facto de a expressarmos desta forma intensa e quase
descontrolada tem exactamente os mesmos efeitos. Isto acontece porque uma
expressão expressão violenta e intempestiva da zanga faz com que acabemos por
nos sentir mais zangados. Na verdade, este tipo de comportamento explosivo, é
também ele uma fuga das verdadeiras sensações que a zanga provoca porque
enquanto a pessoa está a dar murros na mesa ou pontapés na porta ou a gritar
com quem está á sua frente, não está voltada para si, para o seu corpo, para as
sensações e emoções que ocorrem dentro de si. Então, tal como as pessoas que
reprimem a zanga porque não são capazes de enfrentar as emoções e sensações que
esta desperta as pessoas que explodem e que a expressam com gritos e murros
também estão simplesmente a voltar toda a sua atenção para o exterior para não
terem de entrar verdadeiramente em contacto com o seu corpo e com as suas
emoções. Porque não são capazes de lidar com o que estas lhes transmitem sobre
si mesmas.
É
muito importante sabermos reconhecer a nossa zanga porque ela dá-nos
informações importantes acerca de nós e de como nos sentimos na vida. Um dos
benefícios da zanga é a sensação de poder que ela nos pode dar, a sensação de
que somos capazes de enfrentar os desafios e de que temos força para enfrentar
as ameaças. Mas, para beneficiarmos deste poder é necessário que, em primeiro
lugar, sejamos capazes de reconhecer a zanga e as sensações que esta desperta.
Gabor Maté, um médico que escreveu o livro
When the Body Says No, defende que muitas doenças crónicas têm a sua origem
justamente no facto de não sermos capazes de identificar as nossas emoções,
nomeadamente a zanga. Segundo este médico, Para além da sensação de poder a
zanga também nos dá algumas informações importantes: mostra-nos, por exemplo,
que determinada situação pode ser prejudicial para nós e, se não a escutarmos,
acabaremos por não ser capazes de nos defender e de sair dessa situação; se
isto se prolongar muito no tempo, o nosso organismo acabará por sofrer as
consequências. Uma vez que todas as nossas emoções despertam determinadas
reacções fisiológicas, Gabor Maté diz que, o nosso corpo nos vai dando pequenos
sinais através das sensações que vão surgindo, nas várias situações porque
passamos. Quando não escutamos os sinais que o corpo nos dá, então ele precisa
de arranjar sinais cada vez maiores e mais difíceis de ignorar e assim surgem
muitas vezes doenças crónicas e graves que nos obrigam finalmente a parar e a
ouvir o corpo, se quisermos ser capazes de as ultrapassar.
Marshal
Rosenberg, psicólogo que desenvolveu e divulga a Comunicação Não Violenta, explica
que a zanga é sempre uma expressão trágica de uma necessidade. Isto quer dizer
que, sempre nos zangamos fazêmo-lo porque alguma necessidade nossa não está a
ser preenchida. Então é essencial entrarmos em contacto com essa necessidade e
percebermos de que forma poderemos honrá-la e respeitá-la. Mas isto implica um
grau de abertura e de confiança no nosso corpo e na nossa experiência que nem
sempre conseguimos ter justamente porque, a maior parte das vezes, não fomos
ensinados a fazê-lo enquanto éramos crianças e estávamos a aprender a lidar com
o mundo e com as emoções.
A Zanga nos nossos filhos
Quando
vemos uma criança zangada a maioria dos pais o que tenta fazer é simplesmente
ignorar ou distrair a criança daquilo que ela está a sentir e, infelizmente,
não são muito frequentes as vezes que vemos um pai ou mãe a valorizar a zanga
do seu filho e dar-lhe espaço e tempo para a expressar da melhor forma
possível.
Quando
comecei este artigo pensava em escrever sobre as birras das crianças de que tanto se fala e que tanto
preocupam os pais. Depois percebi que
não gosto da palavra birra mas ainda não tinha pensado porquê. Porque birra
implica algo de negativo por parte de quem a faz, dizer que alguém faz uma
birra é não lhe reconhecer o direito de estar zangado, ou frustrado ou triste.
Quando dizemos que um adulto fez birra fazêmo-lo sempre com um sentido
pejorativo referindo-nos a um comportamento que não nos pareceu adequado.
Quando dizemos que um adulto fez uma birra está implícita a mensagem de que
aquela pessoa não soube lidar com a situação e com as emoções que esta lhe
provocou. Então porque é que dizemos que
as crianças fazem birra quando estão apenas zangadas, cansadas, frustradas ou
tristes? Nunca gostei de dizer que o meu filho fazia birras porque sempre
senti que ao fazê-lo estava, de certo modo, a negar-lhe o direito de estar
zangado, chateado, frustrado, etc. A verdade é que temos alguma dificuldade em
reconhecer que as crianças podem ter estes sentimentos e acabamos por ter
alguma necessidade de os desvalorizar dizendo simplesmente que fizeram uma
birra, palavra que desvaloriza totalmente as emoções que estão por trás daquele
comportamento espalhafatoso e explosivo que as crianças tantas vezes
apresentam. E depois preocupamo-nos com estratégias para minimizar ao máximo a
ocorrência desse comportamento. Queremos perceber qual é a melhor forma de o
eliminar, de fazer com que nunca mais aconteça e qual é a melhor forma de fazer
com dure o mínimo de tempo possível sempre que acontecer. Porque, mais do que
prejudicar a criança, este tipo de comportamento prejudica a nossa imagem de
adultos responsáveis, racionais, pais capazes e competentes que mantém tudo
sobre controlo e que têm filhos que lhes obedecem na perfeição. E também
porque, acima de tudo, ver este tipo de emoção nos nossos filhos desperta em
nós muitas sensações difíceis e desconfortáveis com as quais não sabemos o que
fazer e como lidar.
Uma
criança pequena ainda não tem grande capacidade de processar as suas emoções.
Durante os primeiros dois anos de vida o hemisfério cerebral mais activo e
desenvolvido é o direito, que está mais ligado ás emoções e às sensações
corporais. Isto quer dizer que, pelo menos até aos dois anos, as crianças vivem
as emoções em cru, ou seja, não têm a capacidade de as racionalizar, sentem-nas
e vivem-nas no imediato e sem qualquer tipo de filtro que possa minimizar a sua
intensidade. Só a partir dos três anos, com o desenvolvimento da linguagem, é
que o hemisfério esquerdo passa a ter um maior papel na vida da criança,
tornando-a capaz de começar a racionalizar as suas emoções. Com o tempo, se
este hemisfério passar a ser predominante, é até bem possível que passe a
existir um distanciamento tão grande das emoções e do corpo que se torna muito
difícil voltarmos a entrar em contacto com ele. Mas, isto não não acontece de
um dia para o outro e só é verdadeiramente possível na idade adulta ou no final
da adolescência altura em que as nossas ligações neuronais se começam a tornar
mais estáveis e difíceis de modificar.
Os
dois anos – o descobrir do mundo e das emoções
Os
ingleses usam muitas vezes a expressão terrible
twos para se referirem à idade dos dois anos porque é muitas vezes nesta
idade que começam os maiores desafios. Porque nesta idade a criança já tem mobilidade
suficiente para mexer em tudo o que a rodeia, já se habituou a ter algum poder
de acção sobre o seu meio ambiente, já percebeu que é capaz de fazer muitas
coisas que antes não podia fazer e também já teve algum tempo para desenvolver
algumas preferências sobre o que quer fazer, que nem sempre correspodem às
preferências dos pais ou dos adultos que as rodeiam. E, porque nesta idade a
criança ainda vive com as suas emoções muito à flor da pele e porque ainda não
tem um domínio da linguagem que lhe permita expressar facilmente as suas
necessidades e frustrações, acaba por ser uma idade em que é muito fácil que
surjam episódios explosivos e comportamentos mais difíceis de controlar por
parte dos pais.
Formas de lidar com a Zanga das crianças
Então,
quando os nossos filhos se zangam, é fundamental percebermos que necessidades é
que, naquele momento, não estão a ser preenchidas. Aqui é importante sabermos distinguir necessidades de vontades. Por
exemplo, o facto da criança se zangar porque naquele momento tinha vontade de
ver mais uma hora de televisão e os pais não deixaram não significa que existe
uma necessidade real da criança ver televisão. Então, neste caso também é
importante distinguir se a criança apenas expressa a sua frustração - o que
pode fazer chorando e protestando um pouco - ou se fica realmente zangada com
uma expressão muito mais intensa e intempestiva que pode incluir espernear,
gritar, chorar muito, atirar objectos ou bater (principalmente em crianças mais
pequenas). Neste último caso, então precisamos de perceber que essa
manifestação mais intensa por parte da criança provavelmente não tem nada a
haver com a televisão. A criança pode estar simplesmente a expressar uma outra
necessidade, a necessidade de se sentir respeitada e aceite nas suas
preferências, por exemplo, a necessidade de se sentir compreendida de e de
saber que os pais conhecem os seus gostos, a necessidade de saber que os pais
gostam de si e que se preocupam com o seu bem-estar. Então, neste caso, os pais
não precisam de responder a essa necessidade mantendo a televisão ligada, mas
precisam de mostrar à criança que compreendem e aceitam a sua frustração para
que esta se sinta escutada. Isto pode ser feito de várias formas consoante a
criança e o comportamento que esta manifestar. Uma criança que ainda não domina
bem a linguagem tem mais probabilidade de expressar a sua zanga de uma forma
física: gritando, chorando, pontapeando, batendo, esbracejando, etc. Nestes
casos pode ser muito importante ter algum contacto físico com a criança,
através de um abraço ou pô-la no colo. Para isto é importante que o adulto se
mantenha calmo e não veja aquela expressão como um ataque a si ou à sua
autoridade. Por vezes a criança não está pronta para ser abraçada ou posta no
colo durante os primeiros instantes em que a sua explosão dura, então podemos
simplesmente esperar e ficar por perto, demonstrando claramente que estamos
disponíveis para quando a criança quiser ser consolada. Nestes casos também não
adianta muito tentarmos falar com a criança nos momentos em que ela está mais
descontrolada. Podemos deixá-la expressar-se um pouco – desde que não haja
perigo de se magoar a si ou a outros é claro – e depois então, quando estiver
mais calma, depois de um primeiro contacto físico, podemos expressar o nosso
reconhecimento da sua necessidade dizendo qualquer coisa como: eu sei que
querias muito ver mais desenhos animados, ou eu compreendo que para ti neste
momento era muito importante ficar a ver mais televisão, mas a mãe ou o pai
acham que agora é mais importante ires brincar. Podemos também focar-nos no
sentimento, eu sei que estás muito zangada, ou eu sei que ficaste muito
chateada porque querias ver mais televisão mas a mãe acha que agora é
importante fazeres outra coisa. O simples facto da criança sentir que os pais a
compreendem e percebem é suficiente para que a necessidade de se sentir aceite
e compreendida seja satisfeita e é, geralmente, também suficiente para acabar
com a zanga.
Depois
do comportamento explosivo terminar e quando virmos que a criança está
realmente calma esta estará numa fase mais receptiva, isto quer dizer que pode
ser altura de falarmos da forma como se comportou e de lhe dizermos de que é
que não gostámos, se nos parecer necessário. Com uma criança mais velha que
disse algumas coisas que não gostámos de ouvir, ou com uma criança pequena que
bateu e atirou com coisas, por exemplo, podemos dizer que, apesar de
compreendermos a sua zanga e de sabermos que tem todo o direito a expressá-la
não gostamos que o faça daquela forma.
Isto
é tão mais fácil de fazer quanto melhor seja a ligação do adulto com a criança.
Se a criança sente que costuma ser respeitada e aceite irá muito mais
rapidamente deixar-se consolar e aceitará muito mais facilmente as nossas
críticas em relação ao seu comportamento e rapidamente estará pronta para
começar a fazer outra coisa.
Se for muito difícil consolar a criança, ou se
a sua fúria demora muito tempo a passar, se a criança grita, chora, esperneia
por um período muito longo e se sentimos que se torna muito difícil fazer com
que a criança deixe aquele comportamento ou largue a sua zanga então é preciso
percebermos que este é um sinal de que alguma coisa não está bem com a criança
ou na sua relação com os pais. Por vezes acontece simplesmente que a criança
está cansada ou tem alguma necessidade biológica que não foi satisfeita: sono,
fome, sede. Algumas crianças ficam mais facilmente susceptíveis a estes
episódios quando têm fome, outras é o sono que as torna mais facilmente
explosivas. Para outras crianças basta uma mudança na rotina para se tornarem
mais rabugentas e susceptíveis. É importante estarmos atentos a estes sinais e
conhecermos os nossos filhos, principalmente com as crianças mais pequenas que
ainda não são capazes de dizer que têm sono, fome ou frio, por exemplo.
Mas,
noutros casos o que pode estar em causa é mesmo o tipo de ligação que a criança
tem com os pais. Uma criança que se sente amada, respeitada, escutada e
acolhida em todas as suas facetas é muito mais facilmente capaz de lidar com as
suas emoções e frustrações sem ficar num estado demasiado descontrolado. Uma
criança que chora ou protesta por tudo e por nada durante demasiado tempo e que
ninguém consegue consolar é uma criança que está a precisar desesperadamente se
se sentir amada, protegida, segura. É uma criança que precisa de se sentir
ligada aos seus pais, precisa de se sentir aceite e protegida.
Muitas vezes defende-se que a melhor forma
de lidar com as birras é ignorá-las porque se não o fizermos estaremos a
reforçar esse comportamento. Mas uma criança que chora e protesta está a
expressar-se da melhor forma que sabe. Se
não gostamos da forma como está a fazê-lo é o nosso papel, enquanto pais,
mostrar-lhe formas alternativas de lidar com as suas emoções mas nunca ignorá-las.
Porque uma criança que faz aquilo a que chamamos birra é uma criança que
sofre, é uma criança que está a demonstrar que algo não está bem consigo, que
alguma coisa a incomodou, que alguma coisa a fez sentir-se mal e a única forma
saudável de lidarmos com essa emoção é reconhecê-la, aceitá-la e dar espaço à
criança para que a possa integrar. Não ignoramos os nossos maridos ou mulheres
quando se zangam e, se o fizermos, sabemos que só iremos piorar as coisas,
então como somos sequer capazes de pensar em fazê-lo com os nossos filhos? !
As crianças
não têm capacidade de regular as suas próprias emoções e só vão aprender a
fazê-lo através dos adultos: uma criança que chora, aflita com qualquer coisa e
a quem os pais pegam ao colo e fazem sentir que está tudo bem, aprende que pode
passar daquele estado de tristeza e de aflição para um estado de calma e de
tranquilidade. Com muitas repetições deste género começam a cimentar-se no seu
cérebro as ligações que lhe permitem ir passando de um estado a outro. Mas, se
ninguém a ajudar lidar com as suas emoções, especialmente quando estas são
demasiado intensas, a única saída que lhe resta é tentar ignorá-las. E assim, à
medida que vai crescendo, vai acabando por se afastar cada vez mais do que
sente, do seu corpo e de si mesma. E, quando esta criança crescer e se tornar
pai ou mãe terá com certeza dificuldade em lidar com as emoções dos seus filhos
que assim também não terão oportunidade de aprender como fazê-lo perpetuando
este ciclo que alguém precisa de ter coragem de quebrar.
O outro
extremo do comportamento é quando cedemos imediatamente ao que a criança quer
para evitarmos a sua expressão de zanga mas esta é igualmente prejudicial
porque, mais uma vez, não estamos a permitir-lhe lidar com as suas emoções, com
a sua frustração. Estamos a transmitir-lhe a mensagem de que aqueles
sentimentos são tão prejudiciais e perigosos que faremos qualquer coisa para
não lidar com eles. E, desta forma, a criança vai aprender a ter medo do que
sente e também nunca terá oportunidade para aprender a lidar de modo saudável com
estas emoções.
Por isso para
criarmos adultos saudáveis e equilibrados precisamos de – nós, enquanto pais –
não termos medo de reconhecer e de aceitar as nossas próprias emoções.
Precisamos de não ter medo de ser vistos como maus pais porque o nosso filho
grita ou chora no meio da rua quando queremos que se venha embora do parque,
precisamos de aceitar que não podemos controlar tudo, de não ter medo de deixar
os nossos filhos expressarem as suas emoções. Mas, para isso, em primeiro
lugar, precisamos de ter coragem de enfrentar os nossos medos, as nossas zangas
e todas as emoções que sentimos com toda a intensidade que só um filho pode
despertar nos seus pais.
Também nunca gosto de dizer ou de ouvir dizer que a minha filha está a fazer uma birra, ainda mais sendo ainda pequenina. "Birras" e "manhas" são palavras que não gosto.
ResponderEliminarPois é, também não me agrada quando são usadas expressões destas.
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