Hoje em dia
fico triste sempre que vejo um bebé pequenino a passear com os pais dentro de
um carrinho. Fico triste pelo bebé e por todos os bebés que passam nos nossos
dias cada vez mais tempo dentro de contentores de plástico em vez de estarem em
contacto com o corpo do pai ou da mãe que lhes pode trazer conforto e
tranquilidade. Mas fico triste também pelos pais que perdem essa altura tão
especial da vida dos filhos em que é tão fácil e tão agradável trazê-los junto
de nós, sentir o seu corpinho quase fundido no nosso, poder observar as suas
reacções ao que veêm passar na rua ou simplesmente senti-los dormir, calmos,
seguros, tranquilos no calor do nosso corpo.
O parto traz
consigo uma sensação de separação. Aquele ser que esteve fundido connosco
durante tanto tempo, de certo modo, parece que deixa de fazer parte de nós,
deixa de estar connosco vinte e quatro horas por dia e deixa de fazer parte do
nosso corpo. Apesar da felicidade de ver o seu bebé cá fora, muitas vezes, isto
é vivido como uma sensação de perda. Muitas mães sentem essa perda de forma
intensa e parece-lhes que aquele bebé já não é tão seu, já não depende tanto de
si. Isto, juntamente com todas as mudanças hormonais que ocorrem, pode
contribuir para uma sensação de tristeza. Se, para além disto a mãe tiver algum
tipo de insegurança e o bebé for uma criança um pouco mais sensível, que chore
muito ou que tenha algum outro tipo de problema, pode surgir muito facilmente
uma sensação de angústia ou insegurança, de não se ser capaz de cuidar daquele
bebé. Quando o bebé estava na barriga era tudo muito fácil, podíamos levá-lo
connosco para todo o lado e a mãe sentia o bebé dentro de si, sentia essa fusão
emocional e física que torna a gravidez um momento mágico e de muito
preenchimento para a maior parte das mulheres. Mas, com essa separação dos
corpos, por vezes, dá-se também uma separação emocional e aí tudo fica mais
difícil.
Mas, acontece
que essa separação dos corpos que inevitavelmente acontece não significa que
tenha que dar lugar a uma separação emocional. O bebé continua a precisar
muito da mãe, de a sentir junto a si, de ouvir a sua voz, escutar o seu
coração, de sentir o seu cheiro e a mãe, mais do que nunca, também precisa de
sentir o seu bebé. Já que não pode senti-lo dentro de si, precisa de continuar
a sentir que, mesmo cá fora, separados fisicamente, se mantém uma ligação, uma
quase fusão emocional. Nos primeiros tempos a seguir ao parto a mãe não tem
espaço dentro de si para muito mais do que tudo aquilo que se relaciona com o
seu bebé. É natural que assim seja porque a presença da mãe é essencial para
que o bebé sobreviva e se desenvolva. Mas, se a mãe não tiver consciência de
que esta necessidade de sentir o bebé junto de si é tão grande como a
necessidade que o bebé tem de estar junto da mãe, pode deixar de seguir os seus
instintos e acreditar que não deve pegar-lhe ao colo sempre que tem vontade ou
sempre que o bebé chora. E aqui começam a aparecer os ingredientes para que surjam
problemas na relação: o bebé não vê as suas necessidades reconhecidas por isso
sente-se inseguro, ansioso e mostra-o da única maneira que sabe - chorando. A
mãe não percebe que tudo o que o seu filho quer é estar junto de si e, ao não
ser capaz de impedir o filho de chorar e de se sentir ansioso, começa a sentir-se
incompetente enquanto mãe. Isto cria um ciclo vicioso em que se entra numa
espécie de luta – em que a mãe tenta educar o bebé e habituá-lo a perceber que
não pode estar sempre no colo e o bebé protesta cada vez mais – de que ninguém
sai a ganhar.
Acredito que o
babywearing – que em português não soa tão bem mas será qualquer coisa como
usar ou vestir o bebé – é justamente a melhor solução para quebrar esse ciclo
de forma a que saiam a ganhar tanto a mãe como o bebé. Usar o bebé num pano, ou
qualquer outro porta-bebé fisiológico, é tão bom para o bebé como para a mãe e
é o mais parecido que pode haver com a gravidez para ambas as partes. Mesmo
para os pais – que naturalmente nunca poderão ficar grávidos – esta é a melhor
forma de estabelecerem um vínculo profundo e de se aproximarem um pouco dessa
sensação de fusão com outro ser que a gravidez pode trazer. Quando o
babywearing passa a fazer parte da rotina do bebé e da mãe tudo se torna mais
fácil, porque deixamos de ter um bebé aos gritos quando queremos fazer qualquer
coisa que não pode esperar. É muito fácil colocar o bebé num pano e cuidar de
tudo o que precisa de ser cuidado ou transportá-lo connosco para todo o lado.
Para o bebé
isto é muito mais satisfatório do que estar deitado num qualquer contentor de
plástico. Quando os bebés vão na rua, deitados ou sentados num carrinho,
sentem-se sozinhos desprotegidos. Um bebé que anda num pano, ou sling ou
um porta-bebé fisiológico, é um bebé que se sente confortável onde quer que
esteja, porque sente o corpo da mãe, o seu cheiro, ouve o seu coração e
sente-se seguro e protegido por esse corpo tão familiar. Um bebé transportado
desta forma é um bebé que chora muito pouco e que se pode levar para todo o
lado. Até o meu filho ter uns 8 ou 9 meses íamos para todo o lado com ele
enfiado no pano: restaurantes, transportes públicos, casas de amigos, passeios,
etc. Quantas vezes não assistimos já a um pai ou mãe que tentam comer num
restaurante com o filho pequeno a chorar numa cadeirinha ou carrinho ao seu
lado?! Com o meu fillho no pano podíamos passear, trabalhar, ir às compras,
conversar com amigos ou comer descansados e sabíamos que ele faria as sestas
dele quando sentisse vontade, tranquilamente, no pano, sem precisarmos de
deixar de fazer o que quer que nos apetecesse. O máximo que poderia acontecer
por vezes era que precisássemos de andar um pouco para que ele se deixasse
embalar o suficiente para adormecer mas o pano permitia-nos a nós e a ele saber
que estaríamos confortáveis e tranquilos para onde quer que fossemos. Porque um
bebé que é transportado num pano é um bebé que está sempre em casa e que pode
ver o mundo como um lugar seguro a ser explorado e investigado a partir do
conforto dessa casa.
distância que vai do carrinho até ao corpo da mãe para um bebé é demasiado grande para que este tenha consciência de que está verdadeiramente ali alguém. Quanto mais pequeno for o bebé mais assustador pode ser o ambiente que o rodeia se se sentir sozinho: o barulho dos carros, das pessoas, as cores, as imagens sempre a mudar, tudo isto são estímulos novos e que podem causar stress a um bebé muito pequeno. Mas a solução não é mantê-los em casa como muitas pessoas fazem, os bebés precisam de apanhar luz e sol mas, mais importante, as mães precisam de sair um pouco também para se sentirem felizes, então a melhor forma de o fazer é através do uso de um pano ou de outro porta-bebé fisiológico. É importante frisar isto porque muitas vezes se veêm os chamados marsupiais, que são os porta-bebés rígidos, em que os bebés ficam pendurados pela região pélvica e que se tornam muito desconfortáveis (além de não proporcionarem um correcto desenvolvimento da região da anca e da coluna vertebral).
distância que vai do carrinho até ao corpo da mãe para um bebé é demasiado grande para que este tenha consciência de que está verdadeiramente ali alguém. Quanto mais pequeno for o bebé mais assustador pode ser o ambiente que o rodeia se se sentir sozinho: o barulho dos carros, das pessoas, as cores, as imagens sempre a mudar, tudo isto são estímulos novos e que podem causar stress a um bebé muito pequeno. Mas a solução não é mantê-los em casa como muitas pessoas fazem, os bebés precisam de apanhar luz e sol mas, mais importante, as mães precisam de sair um pouco também para se sentirem felizes, então a melhor forma de o fazer é através do uso de um pano ou de outro porta-bebé fisiológico. É importante frisar isto porque muitas vezes se veêm os chamados marsupiais, que são os porta-bebés rígidos, em que os bebés ficam pendurados pela região pélvica e que se tornam muito desconfortáveis (além de não proporcionarem um correcto desenvolvimento da região da anca e da coluna vertebral).
Um bebé que é
transportado num pano, na rua, pode ver o mundo e interagir com ele a partir do
conforto e da segurança do contacto com o corpo da mãe. Os bebés no pano,
sobretudo os mais pequenos, devem ser sempre transportados de frente para o
corpo da mãe ou pai, não só por questões anatómicas, mas também porque isto
lhes dá a segurança de saber que podem escolher interagir com o mundo e com as
pessoas ou refugiarem-se no corpo da mãe voltando a cabeça para esta. Um bebé
que é transportado de frente para o mundo não tem essa opção: está
permanentemente exposto a toda uma série de estímulos que não tem como evitar
e, apesar de poder sentir o corpo do pai ou da mãe perto de si, pode ser muito
stressante não ter como evitar o contacto com as pessoas ou com os estímulos
que vão surgindo. Se observarmos com atenção os bebés que são transportados
desta forma acabam por ter sempre um ar nervoso e quase assustado com a
intensidade de tudo aquilo a que estão a ser expostos. Se observarmos um bebé
que está voltado para a mãe podemos ver que ele usa muitas vezes este refúgio
de esconder a cabeça no seu peito quando não quer interagir com alguém ou
quando algo o assusta ou intimida. Isto dá-lhe a confiança de saber que tem
sempre esse refúgio a que pode recorrer e, por isso, também lhe dá um maior à
vontade para interagir quando opta por fazê-lo.
Ao mesmo tempo
os bebés que são transportados desta forma acabam por interagir muito mais do
que aqueles que estão dentro dos carrinhos ou ovinhos de plástico. Porque têm a
segurança do corpo da mãe ou do pai sempre presente, para além de também
estarem mais à altura dos adultos – que lhes dá uma visão muito mais completa
do mundo do que a que é possível terem dentro de um carro ou ovo – também têm
muito mais confiança e facilidade para interagir com quem ou com aquilo que
lhes desperta atenção.
Do ponto de
vista fisiológico o contacto com o corpo da mãe ou do pai ajuda o bebé a
produzir endorfinas, hormonas associadas a uma sensação de prazer e relaxamento.
E o contacto da mãe com o corpo do bebé ajuda-a também a produzir as mesmas
endorfinas – que podem contribuir para diminuir as probabilidades de uma
depressão pós-parto - e oxitocina que tem um papel importante no
estabelecimento do vínculo e também está relacionada com sentimentos de prazer
e bem-estar (esta é uma hormona que é libertada também em grandes quantidades
durante o orgasmo). A oxitocina está relacionada também com a amamentação o que
quer dizer que, o babywearing também pode facilitar a amamentação com todos os
benefícios que esta pode trazer para a saúde do bebé e para o sentimento de
confiança e segurança para a mãe.
Eu adoro transportar o meu filho no pano, mas agora com este calor tenho desistido. É desconfortável para mim e para ele. O que aconselha? Ele tem 4 meses. Apesar de não me agradar tenho optado pelo ovo nos últimos dias..
ResponderEliminarAinda bem que aproveita esse prazer de transportar o seu bebé junto a si. Com o calor, pela minha experiência, o sling de argolas torna-se talvez o mais fresco para transportar o bebé. Mas é preciso ter noção de que o contacto com o nosso corpo também ajuda o bebé a regular a sua temperatura corporal, por isso o ovo pode acabar por se tornar até mais desconfortável para ele.
Eliminarsim, ele transpira imenso. Sem dúvida que o pano é onde me sinto mais confortável. Agora vamos experimentar uma mochila ergonómica porque ele também já começa a ficar mais pesado e para longas caminhadas, acredito que as nossas costas irão agradecer :)
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