terça-feira, 5 de novembro de 2019

Curso de Comunicação neuro-consciente

"É impossível não comunicar" é um dos axiomas da teoria da comunicação humana, que me lembro de aprender na faculdade e de que nunca me esqueci. De facto comunicamos todos os dias, de várias maneiras diferentes, não apenas quando falamos. Comunicamos com o nosso corpo, com os gestos que fazemos, com o tom de voz que usamos, com as expressões faciais e com tantas outras coisas mais ou menos subtis de que nem sempre nos apercebemos. Uma boa parte da comunicação acontece de forma inconsciente. Também estamos constantemente a processar sinais da comunicação das outras pessoas e, durante a maior parte do tempo, também o fazemos de forma inconsciente. 

A teoria polivaga explica que temos uma capacidade chamada neurocepção que nos permite fazer essa avaliação constante não só das pessoas que estão perto de nós mas também do ambiente em que nos inserimos. Tudo o que faz parte do ambiente à nossa volta influencia a maneira como nos sentimos e as nossas reacções. A neurocepção faz-nos ler e interpretar constantemente os sinais do nosso corpo em reacção ao ambiente externo, às outras pessoas ou em reacção a algo que venha de dentro de nós mesmos. E também é esta capacidade que, por vezes, nos faz entrar em estados de alarme, mais ou menos intensos que, por sua vez, vão também condicionar a nossa forma de comunicar e de nos relacionarmos com as pessoas à nossa volta. 

Existem algumas fórmulas muito válidas de praticarmos uma comunicação mais consciente. Gosto muito do Marshal Rosemberg e do seu modelo de Comunicação não violenta que nos ensina a comunicar as nossas necessidades respeitando as outras pessoas e de forma a que elas não fiquem numa posição defensiva, o que aumenta muito a probabilidade de sermos realmente ouvidos e de termos essas necessidades preenchidas. Este é um modelo muito válido e interessante, o problema é que não é nada fácil aplicá-lo quando alguma coisa já fez disparar os nossos botões de pânico e estamos em pleno estado de alarme. 

E estes estados de alarme acontecem com alguma frequência, sobretudo nas relações mais íntimas, como entre pais e filhos ou em relações de casal, porque são também aquelas que despertam em nós sensações e emoções mais intensas. É este estado de alarme que tantas vezes nos faz gritar, ralhar ou dizer coisas de que mais tarde acabamos por nos arrepender. 
E acontece também muitas vezes não termos total consciência de que estamos nesse estado de alarme, sobretudo quando ele é um pouco mais ligeiro. Isso quer dizer que também não teremos consciência de que a nossa comunicação está a ser afectada por esse estado de alarme. 

Então a primeira coisa a fazer, para melhorarmos a nossa comunicação com os outros, é tomarmos consciência desses estados. Isso faz-se entrando em contacto com o corpo e treinando-nos para estarmos mais atentos aos seus sinais. Para isso o Mindfulness pode ser uma ajuda preciosa, porque nos ensina a escutar e a acolher as sensações do nosso corpo sem precisarmos imediatamente de as analisar ou corrigir, como muitas vezes temos tendência para fazer no nosso dia-a-dia. É através desta tomada de consciência do corpo e dos seus sinais que podemos mais facilmente começar a perceber o que é que desperta o nosso alarme, quais são os nossos gatilhos. E o simples facto de nos tornarmos mais conscientes dos nossos botões de pânico e daquilo que acontece quando estes disparam, também nos ajuda a lidar melhor com essas situações que sentimos como ameaçadoras e a reduzir muito o seu impacto na nossa vida. 

Para descobrirmos isto ajuda também termos alguma consciência da nossa história pessoal. Porque as experiências que vivemos sobretudo as mais intensas e aquelas que aconteceram nos primeiros anos das nossas vidas vão deixando algumas marcas que definem aquilo que sentimos como ameaçador. Na verdade não existe nada mais ameaçador para qualquer ser humano do que sentir que está a ser ameaçada a ligação com as pessoas mais importantes da nossa vida. Mas aquilo que nos faz sentir isso varia de pessoa para pessoa e depende muito das nossas experiências. Então, entrar em contacto com a nossa própria história e perceber aquilo a que se chama o nosso padrão de apego também é importante para conhecermos os nossos gatilhos. E é muito útil para melhorarmos os nossos relacionamentos, sobretudo com os nossos filhos. 

Neste curso de comunicação vamos explorar todos estes pontos importantes: vamos aprender algumas formas de comunicação mais consciente, mas vamos também, sobretudo perceber que precisamos de entrar em contacto connosco, de conhecer a nossa história, de identificar os nossos gatilhos e os nossos sinais de pânico para sermos capazes de aplicar mais facilmente essas fórmulas. Vamos aprender também a identificar melhor os nossos estados de alarme para podermos lidar melhor com eles. E perceber o impacto que a nossa história de vida tem naquilo que desperta o nosso alarme e também no tipo de resposta que é despoletada por ele. 

Vamos fazer isto através da exposição teórica destes temas e de alguns conceitos importantes mas também através de exercícios e da partilha de experiências que irá acontecendo ao longo das quatro sessões. 

É um curso que pode ser útil para melhorar o relacionamento entre pais e filhos, mas também entre casais ou para qualquer pessoa que sinta que gostaria de melhorar a sua comunicação e a sua compreensão do impacto que esta pode ter na sua vida e nos seus relacionamentos. 


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